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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Karen, a insana.

Eu acho que estou enlouquecendo. Há dias tenho o mesmo sonho, sempre a mesma coisa, todas as noites. Ele me persegue desde então. Quando acordo, ele está lá; quando vou ao trabalho, ele está lá; quando estou preparando o jantar, ele está lá; quando estou tomando banho, ele está lá. Ele está em todo lugar.
Eu já pedi, já implorei para ele me deixar em paz. Ele ri. Sempre ri quando vê meu desespero e a amargura dentro de meu coração. Ele ri quando me vê sem saída.
Já tem uma semana que ele não foi embora, já estou enlouquecendo. Todos me acham louca, NÃO SOU! Ele chega perto de mim todas as noites, passa sua unha por toda minha pele. Todas as noites, ele me mata, rindo, enquanto eu choro, pedindo para morrer e não voltar.
Ele já não me deixa mais dormir, diz que o sonho tem que se tornar real. Estou enlouquecendo. Eu não quero que nada se torne realidade, aquela merda de sonho não pode ser real. Eu grito, enquanto ele atravessa uma faca pela minha barriga, ele me dá um beijo com sua boca podre, rindo.
Eu acordei gritando, minha cama estava completamente molhada.
"Karen, você não pode fugir de mim, eu sou parte de você, para sempre" Ele me acordava dizendo isso. Já faz um mês que ele está aqui, e já faz um mês que meu namorado, Cesar, desapareceu."Karen, o sangue na sua blusa, lembra de algo?".
Cesar era um bom namorado, mas cometeu um erro. "Karen, por favor, vamos resolver isso de outra maneira" "Por favor Karen, POR FAVOR, largue isso!".
Todas as noites eu sonhava com aquele dia. Eu acordei com sangue em minhas mão, em minha cama, em meu closet. Sangue por toda parte. Cesar me dizia para manter a calma, como ele queria que eu ficasse calma? Eu pedi, EU IMPLOREI, ele não me ouviu.
Sim, eu o matei! Eu enfiei a faca 66 vezes em seu lindo corpo, eu o vi sangrar até a morte, eu vi sangue escorrer por sua boca, sangue jorrar em minha face. Era lindo, aquele show. EU NÃO ESTOU LOUCA!
Ele me pediu para fazer isso, como eu poderia recusar? Ele me pediu, eu tive que aceitar. Era tão bom ver o sofrimento, a dor.
O meu dia chegou. Ele veio me buscar, eu ouvi algo bater em minha porta, antes que pudesse perceber, minhas tripas já estavam vazando para fora de meu corpo. Mais uma vez acordei assustada e eufórica, e o pior de tudo, viva.
EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA! EU NÃO ESTOU LOUCA!
Cesar, me perdoe, eu juro que te amo, eu juro que não quis fazer isso. Você acredita em mim? Você também acha que eu estou louca? Claro que não, mortos não acham nada. Mas, eu não estou louca, eu sei disso. É tudo culpa dele, ele quem me fez ficar assim. Meu amor, me perdoe. Kevin, traga aquela faca para a mamãe, tudo ficará bem.

19/06/1994 : Karen foi encontrada morta, com seus pulsos e gargantas cortadas. Cesar estava morto há muito tempo, seu corpo já estava completamente decomposto. Kevin nunca existiu. Karen tinha acabado de sofrer um aborto causado por uma briga que tivera com Cesar, onde por acidente, ela havia batido sua barriga na beira do balcão. Kevin tinha 6 meses de gestação. O feto foi encontrado no quarto, que seria dele quando nascesse.

Nosso passado, traumas, coisas que já passaram, fantasmas que ainda nos atormentam. Eles podem tomar controle de nossas mentes, nos fazer loucos.

Bons Pesadelos

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